Notícia

2024-01-18 12:27:00.0

Líderes empresariais de todo o mundo pedem o aumento da formação em empregos verdes para avançar na transição energética

  • O estudo Green Skills Outlook, divulgado hoje, revela que quase 80% dos líderes empresariais globais concordam que as habilidades verdes serão o fator mais importante da transição energética.
  • Uma grande parte da força de trabalho está perdendo capitações cruciais para uma economia mais verde, colocando em risco a transformação do modelo energética e a criação de empregos.
     

A maioria dos líderes empresariais de todo o mundo considera que a responsabilidade de conduzir a transição ecológica cabe ao setor privado, e não às políticas de emprego, e prevê mais oportunidades do que desafios. Entretanto, o rápido progresso em direção a uma economia de baixas emissões está ameaçado pelo fracasso das empresas em desenvolver e obter habilidades 'verdes' suficientes, de acordo com o Green Skills Outlook, um estudo do The Economist Impact publicado hoje.

O relatório, que explora o impacto da transição verde nos mercados de trabalho globais, tem como base uma pesquisa global com 1.000 líderes empresariais, grupos de trabalho específicos e um conselho consultivo de especialistas na área. O documento analisa nove países e quatro setores da economia com um papel central na transição verde, incluindo novas tecnologias, construção e infraestrutura, transporte e logística, e energia e serviços públicos.

Apesar de a grande maioria (79%) dos líderes empresariais concordar que as habilidades serão o fator mais importante da transição ecológica, apenas 55% estão implementando ou planejam implementar programas formativos relevantes em sua força de trabalho.

Este cenário deixa uma grande proporção da força de trabalho sem formação em habilidades necessárias para uma economia mais verde e corre o risco de retardar o avanço da transição verde, em um momento em que é cada vez mais urgente enfrentar a crise climática e melhorar a segurança energética. O Green Skills Outlook revela que 62% dos líderes empresariais globais acreditam que a falta de habilidades verdes criará gargalos que atrasarão a transição verde.

Durante a apresentação, Ignacio Galán, presidente executivo da Iberdrola, disse: "As oportunidades apresentadas pela transição são enormes, mas é fundamental que tanto as empresas quanto os responsáveis pelas políticas se concentrem agora em garantir que as pessoas tenham as habilidades e as formações adequadas. Sem trabalhadores qualificados, a transição não será alcançada e os benefícios não serão conseguidos".

"À medida que o mundo termina uma COP com um foco claro na eliminação gradual dos combustíveis fósseis, bem como no objetivo de triplicar as energias renováveis em seis anos, todas as empresas de todos os setores são plenamente conscientes de que a mudança está chegando cada vez mais rápido", garante o presidente.

"Aqueles que planejarem serão os líderes e estarão na vanguarda da transição. Na Iberdrola, há duas décadas estamos ajudando os trabalhadores e as indústrias a se reorientar e se reciclar para aproveitar ao máximo a transição verde. Ajudamos as empresas aeronáuticas a assumir a liderança em energia eólica, os construtores navais a diversificar a fabricação de energia eólica offshore e os trabalhadores do setor de petróleo e gás a aplicar suas experiências em alto-mar, mas com a adaptação às energias renováveis", comentou Galán.

O presidente executivo destacou que: "A Iberdrola e o setor energético também têm muito mais a fazer e não estamos parados. Seguimos trabalhando com escolas, universidades e responsáveis de políticas em todo o mundo, além de oferecer nossas próprias iniciativas, como a plataforma Global Green Employment, e programas intersetoriais, como o Reskilling 4 Employment. Com este relatório, agora também temos opiniões detalhadas de mil líderes empresariais de todo o mundo, o que nos fornece informações valiosas sobre onde estão os pontos problemáticos e como resolvê-los”.

A transição verde terá um impacto positivo líquido na criação de empregos

À medida que os setores verdes ganham destaque, o Green Skills Outlook mostra que os líderes empresariais estão muito otimistas em relação à transição verde, com 79% deles afirmando que esse processo apresenta mais oportunidades do que desafios para sua organização.

Os líderes empresariais europeus, embora costumem ser positivos, demonstram uma postura um pouco mais cautelosa. No Reino Unido (68%), na Alemanha (72%), na França (74%) e na Espanha (75%), eles estão confiantes de que haverá mais oportunidades que desafios, em comparação com a quase unanimidade (94%) no Brasil e na China.

No entanto, espera-se que a transição verde tenha um impacto positivo líquido na criação de empregos, com benefícios específicos em energia limpa, eletrificação, eficiência energética e pesquisa e desenvolvimento.

Quase três quartos (73%) dos entrevistados concordam que a transição verde criará mais empregos do que irá destruí-los, e 81% dizem que criará empregos de maior qualidade para os trabalhadores.

Em nível mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que a transição poderá gerar 25 milhões de novos empregos líquidos até 2030, principalmente em setores e atividades verdes. Por exemplo, no setor de energia, a expansão e a manutenção de redes elétricas e instalações de armazenamento criam milhões de empregos adicionais em todo o mundo, com até 3.500 postos de trabalho para cada 100.000 empregos na Europa.

Mais estratégias inovadoras de governos, instituições educacionais e do setor privado

O relatório mostra que há um sentimento positivo em relação à transição ecológica entre os líderes empresariais em todo o mundo, com dois terços (63%) afirmando que a responsabilidade de liderar a transição ecológica, em última análise, é deles, e não daqueles que desenvolvem políticas de emprego.

No entanto, é necessário acabar com algumas lacunas existentes para impulsionar a transição, e isso exigirá coordenação e estratégias inovadoras dos governos, das instituições educacionais e do setor privado.

Portanto, o papel da política governamental na promoção da transição energética não pode ser subestimado. As três principais políticas que os líderes empresariais acreditam que devem ser priorizadas para garantir que a oferta de habilidades verdes no mercado de trabalho atenda às necessidades da transição verde são:

  • Apoio ao investimento empresarial em programas de atualização e recapacitação, por exemplo, por meio de subsídios ou isenções fiscais (53%).
  • Apoio ao estabelecimento de cursos de habilidades verdes em instituições educacionais, por exemplo, por meio de financiamento estratégico (49%).
  • Adaptar os programas de trabalho e formação existentes para os desempregados com o objetivo de aumentar o apoio às habilidades verdes (46%).

Além de introduzir políticas ativas no mercado de trabalho que incentivem a oferta de habilidades verdes, no longo prazo os governos precisarão criar um ambiente propício que incentive a transição da economia de forma mais ampla. Por exemplo, por meio de regulamentações mais rígidas, colocando um preço nas emissões e removendo os subsídios aos setores poluentes, como os combustíveis fósseis.