JUNTOS
NA REVOLUÇÃO

DAS ENERGIAS
RENOVÁVEIS

Jonathon Porrit

Jonathon Porritt

Set, 15 2020

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JUNTOS
NA REVOLUÇÃO

DAS ENERGIAS
RENOVÁVEIS

O mundo está em chamas (literalmente) devido ao aceleramento das mudanças climáticas, e o mundo das energias renováveis está em chamas (metaforicamente) em resposta ao aceleramento dessas mudanças. Mais e mais pessoas estão conscientes da primeira afirmação; surpreendentemente, poucos parecem entender a última.

No ano de 2016, pouco antes de sua morte prematura, o diretor científico conselheiro do Departamento de Energia do Reino Unido, Sir David McKay, descreveu a ideia de que a energia solar, eólica ou outra energia renovável pudesse abastecer o Reino Unido como "uma grande ilusão".

David McKay era um homem bom, mas ele tinha um enorme ponto cego quanto se tratava de energias renováveis. Ele simplesmente não conseguia ver - e é provável que ainda hoje muitos outros como ele ficariam impressionados em descobrir que o percentual de eletricidade renovável atualmente no Reino Unido é de um terço, e que é surpreendente esse percentual ter atingido 47% no primeiro trimestre deste ano. A Espanha está ainda melhor, com todas as expectativas de atingir os 70% até 2030.

Já não é possível parar essa revolução, que afeta todos os países do mundo em suas formas e que muitos criadores de políticas ainda não entenderam. Em 2018, o relatório anual da Lazard sobre os custos nivelados de energia incluiu este parágrafo formidável e sutil: "Chegamos ao ponto de inflexão em que, em alguns casos, é mais rentável construir e operar novos projetos de energia alternativa do que manter as usinas convencionais existentes".

É mais rentável construir e operar novos projetos de energia alternativa do que manter as usinas convencionais existentes

David McKay era um homem bom, mas ele tinha um enorme ponto cego quanto se tratava de energias renováveis. Ele simplesmente não conseguia ver - e é provável que ainda hoje muitos outros como ele ficariam impressionados em descobrir que o percentual de eletricidade renovável atualmente no Reino Unido é de um terço, e que é surpreendente esse percentual ter atingido 47% no primeiro trimestre deste ano. A Espanha está ainda melhor, com todas as expectativas de atingir os 70% até 2030.

Já não é possível parar essa revolução, que afeta todos os países do mundo em suas formas e que muitos criadores de políticas ainda não entenderam. Em 2018, o relatório anual da Lazard sobre os custos nivelados de energia incluiu este parágrafo formidável e sutil: "Chegamos ao ponto de inflexão em que, em alguns casos, é mais rentável construir e operar novos projetos de energia alternativa do que manter as usinas convencionais existentes".

É mais rentável construir e operar novos projetos de energia alternativa do que manter as usinas convencionais existentes

O carvão não subsidiado não conseguiu competir com a energia solar ou eólica em larga escala por muitos anos. As turbinas a gás de ciclo combinado só podem competir porque não são obrigadas a pagarem todos os custos das emissões de gases de efeito estufa - um enorme subsídio oculto que os governos serão forçados a enfrentar em breve. A nova energia nuclear nem se aproxima, e só aparece mesmo cambaleante porque um número muito pequeno de governos mal orientados (incluindo o Reino Unido) acham apropriado desperdiçar bilhões de euros dos contribuintes nesses elefantes brancos.

A energia eólica offshore será uma indústria de um trilhão de dólares até 2040

Enfrentando a emergência climática

Mais e mais pessoas estão ficando fortemente preocupadas com a emergência climática atual - e todos deveríamos estar. Meu resumo abreviado da ciência climática atual é este: "tudo está piorando, em todos os lugares, muito mais rapidamente do que acreditávamos ser possível". Essa é mais uma razão para que as pessoas se entusiasmem com a revolução das energias renováveis que se desenvolve em seus ambientes e exijam que seus governantes coloquem as energias renováveis (e as respectivas tecnologias como armazenamento, eficiência, redes inteligentes e assim por diante) no centro de seus programas de recuperação pós-COVID-19.

Há muito apoio para isso proveniente de ONGs, comunidades empresariais e investidores, mas ainda vejo pouco entusiasmo por parte dos cidadãos. Já é tempo de acordarem, pois isso irá certamente animá-los!

A energia eólica offshore será uma indústria de um trilhão de dólares até 2040

É notável como estamos apenas nos estágios mais iniciais da revolução das energias renováveis. O custo da energia solar continuará a cair, ano após ano, com abrangência significativa para maior eficiência de conversão no futuro - por exemplo, com a célula híbrida de perovskita-silício. Mas minha aposta é que a energia eólica fará o verdadeiro trabalho pesado, particularmente a eólica offshore. O Offshore Wind Outlook de 2019, da Agência Internacional de Energia, fala com confiança de uma indústria de um trilhão de dólares até 2040, dando ênfase à importância de turbinas eólicas flutuantes instaladas em alto mar. Um relatório publicado recentemente pelo Global Wind Energy Council indica que a geração offshore pode crescer dos cerca 29 GW atuais para mais de 230 GW até 2030. O país com crescimento mais rápido será a China (dos insignificantes 6,8 GW atuais até mais de 50 GW em 2030), com o Reino Unido mantendo o nível de excelência em 40 GW e os EUA também crescendo fortemente.

Aumentando nossa participação

Tudo isso até 2030 -e vamos precisar de cada um desses gigawatts para fornecer os enormes volumes de hidrogênio verde que o mundo exigirá cada vez mais-, não é para a geração de eletricidade, mas para a fabricação de cimento e aço, para HGVs, para a descarbonização de redes de gás e, provavelmente, para a aviação sustentável. E o hidrogênio tem que ser verde. Pessoalmente, não acredito que o "hidrogênio azul" (usar gás no processo de eletrólise para produzir o hidrogênio, além de captura e armazenamento de carbono) será economicamente viável em grande escala.

Eu só posso esperar que esse seja o tipo de informação presente nas discussões da próxima Semana do Clima em Nova York, em que também será celebrado o quinto aniversário dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Uma coisa que sabemos de certo sobre os ODSs: não há nenhuma esperança possível de cumprir esses 17 objetivos a menos que possamos evitar a potencial história de terror da mudança climática desenfreada. E a principal - e melhor - forma de evitar essa história de terror é fazer com que os governos soltem as rédeas da revolução das energias renováveis em curso.

* Último livro de Jonathon Porritt Hope in Hell, um poderoso "apelo à ação" sobre a emergência climática, publicado por Simon & Schuster em junho de 2020.

Jonathon Porritt é um ambientalista com uma vasta trajetória e um eminente escritor que disserta sobre desenvolvimento sustentável. Como reconhecimento, no ano 2000 recebeu o CBE (Commander of the Most Excellent Order of the British Empire) devido ao seu trabalho em prol do meio ambiente. Em 1996 fundou, juntamente com outros, o Forum for the Future, uma organização que trabalha em parceria com as empresas, os governos e a sociedade civil para acelerar as mudanças rumo a um futuro sustentável.