Aumento do nível do mar

A subida do nível do mar, um perigo real para o nosso futuro?

Natureza

O aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global poderia chegar aos 2 metros de altura no final do século XXI. Esta subida dos oceanos deixaria milhares de quilômetros de costas sujeitas à mercê das inundações, comprometendo a segurança de 745 milhões de pessoas em todo o mundo.

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O aumento do nível do mar ameaça submergir centenas de cidades litorâneas em todo o mundo.

Em 1968 quando os astronautas da missão Apolo 8 tiraram as primeiras fotografias a cor da Terra, toda a humanidade pôde comprovar que o nosso planeta além de ser redondo também tinha uma intensa cor azul. Meio século depois, sabemos que os mares e oceanos cobrem 71% da superfície terrestre, o que dá ao nosso mundo essa tonalidade tão característica que o converte num lugar único da nossa galáxia e, talvez, de todo o universo.

Por que o nível do mar está aumentando? Causas

O que ninguém imaginava há cinco décadas é que as emissões atuais de CO2 aqueceriam o planeta até provocar o degelo dos polos e o retrocesso das geleiras. A velocidade com a qual avança as mudanças climáticas, intensificada pela ação do homem, elevou o nível do mar cerca de 7 cm desde 1993 e aproximadamente 18-20 cm desde 1900, conforme o governo dos EUA no seu relatório Climate Science Special Report (CSSR).

Entre as causas do aumento do nível do mar destacam-se especialmente as seguintes:

  O aquecimento dos oceanos

A revista científica PNAS publicou em 2018 um estudo de satélite que considera que 50% do crescimento dos mares do último quarto de século se deve à dilatação térmica da água.

  O degelo dos polos

Os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC) estimam que entre 2006 e 2015 a fusão das calotas polares injetou mais de 430 gigatoneladas anuais de água doce nos oceanos, contribuindo assim para o aumento do nível do mar em mais de 1,2 mm/ano.

  O derretimento das geleiras

A Universidade de Zurique (Suíça) calculou em um estudo recente que o degelo significou a perda global de mais de 9 bilhões de toneladas de gelo glacial desde 1961, aumentando o nível do mar em 2,7 cm.

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Como a subida do nível do mar afetará estas cidades?

  VER INFOGRÁFICO: Como a subida do nível do mar afetará estas cidades? [PDF]

Por que acontece o degelo?

A comunidade científica internacional não tem qualquer dúvida: o aquecimento global e o buraco na camada de ozônio são as principais causas do degelo dos polos e das geleiras. O aumento das emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa (GEE) à atmosfera — especialmente na última década — está elevando a temperatura média da Terra com uma velocidade insólita, acelerando o derretimento das geleiras e das calotas polares.

Da mesma forma, a destruição da camada de ozônio por algumas partículas químicas está provocando uma elevação das radiações ultravioletas que aquecem o planeta. O aumento do termômetro também afeta os oceanos, que absorvem 90% do calor terrestre, contribuindo para o degelo dos polos e das geleiras marinhas.

Consequências do aumento do nível do mar 

O aumento dos oceanos varia conforme as regiões do mundo e ameaça especialmente os habitantes das ilhas e áreas litorâneas. Cerca de 745 milhões de pessoas viverão nas próximas décadas expostas a inundações, marés ciclônicas e outros fenômenos extremos cada vez mais frequentes e devastadores para a vida humana e o meio ambiente, tal como o IPCC advertia no final de 2019 em um relatório especial sobre oceanos e criosfera.

A subida do nível do mar pode agravar também a erosão dos litorais, piorar a qualidade da água potável e de rega, causar danos ao patrimônio histórico e artístico, afetar o transporte e a atividade econômica das cidades e inundar campos de cultivo, paisagens naturais, moradias e até localidades inteiras, convertendo seus moradores em refugiados climáticos.

Previsões do aumento do nível do mar

Nem sequer os mais otimistas negam os danos irreversíveis do aumento do nível do mar, como é o caso do desaparecimento de numerosas geleiras e de uma boa parte da superfície do Ártico. O IPCC e outros prognósticos realizados até a data presente vaticinam, no melhor dos casos, um crescimento dos oceanos entre 20 e 30 cm até 2050 e de 43 a 50 cm até 2100, desde que diminuam as emissões de CO2 e o termômetro terrestre fique abaixo de 2 ºC com relação à temperatura do final do século XIX, tal como pretendem os Acordos de Paris.

Porém, se as tentativas de conter o aquecimento global fracassarem e vier a acontecer o temido degelo em massa da Antártida, as previsões para 2100 situam a subida do nível do mar entre 84 cm e mais de 2 metros no pior das hipóteses, como adverte um estudo da ONG Climate Central publicado no final de 2019 pela revista Nature. O aumento dos oceanos poderia se agravar inclusive durante o próximo século e atingir entre 2,8 e 5 metros em 2300.