Mulheres pioneiras

O papel da mulher na história: as grandes pioneiras em um mundo de homens

Igualdade de gênero Diversidade Liderança

Do ponto de vista histórico, o mundo tem sido dominado pelos homens e esse contexto não é muito fácil para as mulheres. Porém, algumas delas enfrentaram os estereótipos e romperam barreiras até conseguirem ter sucesso nos seus respectivos campos. O mais importante de tudo é que elas abriram o caminho. A seguir, apresentaremos para vocês algumas de elas.

mujeres_pioneras
As mulheres pioneiras romperam estereótipos e abriram caminho as que vieram posteriormente.

A história durante séculos foi escrita e — protagonizada — pelos homens. Talvez por esta visão tergiversada, a invisibilidade da mulher tem sido notória. As dificuldades das mulheres para acessarem as fontes de conhecimento, se integrarem nos centros de poder e participarem de suas decisões ou para serem reconhecidas pelo seu trabalho em igualdade de condições com o homem foram enormes. De fato, e em relação com este comentário, muitas delas não tiveram outra saída que usarem pseudônimos masculinos, por exemplo, as irmãs Brontë.

Esta desigualdade chega até nossos dias. Um dado sobre isto: somente 53 das 950 (6%) pessoas premiadas com o Nobel (1901-2019) eram mulheres. Pouco a pouco e, especialmente no último século, as mulheres foram conquistando direitos até o ponto no que atualmente o compromisso com a igualdade de oportunidades perpassa toda a sociedade. Isto acontece porque existiram mulheres pioneiras que romperam o estabelecido e abriram caminho para todas as outras que vieram posteriormente. Seguidamente, apresentaremos algumas dessas mulheres que marcaram a história:

Ada Lovelace (1815-1852), a primeira programadora

"É teu rosto como o de tua mãe, minha linda filha, Ada, filha única da minha casa e do meu coração?". Esta frase está dedicada à Ada Lovelace (Londres, 1815) e seu autor não é outro que seu pai: Lord Byron. O grande poeta inglês, que faleceu na guerra de independência da Grécia quando Ada tinha oito anos, não pôde ver como sua filha se tornava uma célebre matemática e informática. De fato, ela está considerada como a primeira programadora de computadores da história.

Lovelace foi uma visionária: em 1843, publicou algumas notas — Sketch of the analytical engine invented by Charles Babbage — na revista Scientific Memoirs com aquele que é considerado como o primeiro algoritmo informático. O seu trabalho antecipava a capacidade dos computadores para ir mais além dos simples cálculos numéricos; porém, quando vieram à luz essas notas, com as iniciais A.A.L, seus companheiros de profissão não a levaram a sério por sua condição de mulher. A sua saúde frágil (ela faleceu com 36 anos) rompeu sua prometedora carreira, mas seu legado permaneceu: a primeira linguagem de programação desenvolvida pelo Ministério de Defesa dos EUA recebeu o nome de ADA em sua honra.

Ada Lovelace (1815-1852)

A imaginação é a faculdade da descoberta, predominantemente. É ela que penetra nos mundos invisíveis que nos rodeiam, nos mundos da ciência

Bertha Von Suttner (1843-1914), a primeira pacifista

Para Bertha Von Suttner (Praga, 1843), a paz era um requisito imprescindível para atingir a felicidade. Ela dedicou sua vida à essa relação, que na sua opinião era algo inerente. Filha de um militar do Império Austro-húngaro — marechal-de-campo, mais concretamente —, é considerada a primeira pacifista da história e, pelo seu intenso trabalho contra os conflitos armados, ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1905. Somente uma mulher tinha recebido esse reconhecimento até esse ano: Marie Curie (Nobel de Física em 1903).

Em 1877, esta mulher humanista, culta, inquieta e viajante — falava quatro línguas: inglês, alemão, francês e italiano — começou sua atividade como jornalista e sob o pseudônimo de B. Oulet teve um grande sucesso. Nessa época, seu compromisso com o pacifismo foi reforçado, pois trabalhou como correspondente na guerra russo-turca (1877-1878). Sua obra mais importante, Abaixo as armas!, chegou às livrarias em 1889 e se tornou instantaneamente um escrito de referência para o movimento pacifista internacional.

Bertha Von Suttner (1843-1914)

Uma das verdades eternas é que a felicidade se cria e se desenvolve em paz

Charlote Cooper (1870-1966), a primeira campeâ olímpica

Imaginem uma mulher com uma raquete na mão, correndo de um lado para o outro na grama do All England Tennis Club de Londres em pleno ano de 1895. Era indubitavelmente chocante para a época. A mulher que descrevemos não é outra que Charlotte Cooper (Londres, 1870), que ganhou seu primeiro Wimbledon nesse mesmo ano. Ela venceu o torneio outras quatro vezes (1896, 1898 e 1901 e 1908). Porém, a tenista britânica não está aqui pelo seu domínio deste Grand Slam, mas por ser a primeira mulher campeã olímpica individual.

Cooper esteve presente nos Jogos Olímpicos de Paris em 1900 e não foi embora com uma só medalha de ouro, mas com duas — categoria individual depois de vencer a francesa Hélène Prevost (6-1 e 7-5) e em duplas mistas com Reginald Doherty —. As vitórias de Chattie, esse era seu apelido, foram grandes por si mesmas, mas assumiram outra dimensão se levarmos em conta que ela era surda — um processo infeccioso afetou sua audição em 1896 —.

mujeres_nobel
As mulheres: as grandes ausentes nos prêmios Nobel.

 VER INFOGRÁFICO: As mulheres: as grandes ausentes nos prêmios Nobel [PDF] Link externo, abra em uma nova aba.

Valentina Tereshkova (1937-), a primeira astronauta

Em 16 de junho de 1963, em plena luta pela conquista do espaço entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria, Valentina Tereshkova (Bolshoye Maslennikovo, 1937) converteu-se na primeira mulher astronauta. A bordo da Vostok 6 e com apenas 26 anos, a Gaivota — esse era seu sinal de chamada durante o voo — fez história e tornou-se um símbolo da igualdade entre homens e mulheres. Durante as 70 horas e 50 minutos que ela esteve longe da Terra, deu 48 voltas em torno do planeta.

Tereshkova não tinha formação específica em voos espaciais — foi selecionada pelo governo soviético pela sua habilidade como paraquedista —. E a viagem não foi fácil. Durante a mesma, a astronauta principiante teve enjoos quase contínuos; porém, apesar disso, manteve atualizado o livro de bordo e tirou fotografias de grande valor. Na sua volta, a URSS utilizou-a para fazer propaganda, mas com a passagem do tempo sua figura foi mais além disso. Atualmente, ela segue sendo a única mulher que esteve sozinha no espaço.

Valentina Tereshkova (1937-)

Uma vez que tenha estado no espaço, você saberá apreciar quão pequena e frágil é a Terra

Kathryn Bigelow (1951-), a primeira em ganhar o Oscar á melhor diretora

A edição dos Oscars de 2010 tinha um claro favorito: James Cameron e seu Avatar: O filme rodado em 3D tinha tudo para arrasar, mas a própria Barbra Streisand avisou quando foi entregar o Oscar ao melhor diretor: "O momento chegou". Segundos depois anunciava que Kathryn Bigelow (San Carlos, 1951) era a vencedora, sendo a primeira mulher em receber o prêmio. A diretora norte-americana coroou sua grande noite quando Guerra ao terror venceu o Oscar de melhor filme para o assombro e a alegria de seu ex-marido: o próprio James Cameron.

Desde o início, Bigelow só quebrou padrões. Na sua obra-prima, The Loveless, narrava uma violenta história de gangues e motoristas ambientada nos anos 50. Depois dela, vieram obras como Jogo perverso, Caçadores de emoção ou Estranhos prazeres onde tocava gêneros atípicos para uma diretora: ação, ficção científica ou thriller. Após o sucesso de Guerra ao terror, atreveu-se com a operação militar que acabou com a vida de Osama Bin Laden (A hora mais escura) e esteve a ponto de repetir na categoria de melhor filme.

Kathryn Bigelow (1951-)

Se houver uma resistência para as mulheres fazerem cinema, escolho ignorar esse obstáculo