As primeiras mulheres em...
O papel das mulheres na história: figuras pioneiras em um mundo de homens
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Ao longo da história, os homens ocuparam a maior parte dos espaços de poder. Nesse contexto, quebrar barreiras e romper tetos de vidro sempre foi um desafio para as mulheres. Ainda assim, algumas delas enfrentaram os estereótipos e conseguiram se destacar em suas áreas, abrindo caminho para muitas outras. Conheça algumas dessas pioneiras e suas conquistas.

Durante séculos, a história foi escrita e protagonizada por homens. Essa visão parcial acabou contribuindo para invisibilizar as mulheres, que, durante gerações, enfrentaram enormes obstáculos para acessar as fontes de conhecimento, integrar espaços de poder e receber o mesmo reconhecimento que os homens. Muitas escritoras, como as irmãs Brontë ou Mary Ann Evans (conhecida como George Eliot), foram obrigadas a assinar seus nomes com pseudônimos masculinos.
Essa desigualdade ainda persiste. Entre 1901 e 2024, por exemplo, somente 64 das 958 pessoas premiadas com o Prêmio Nobel – cerca de 7% – eram mulheres. Apesar disso, houve avanços importantes, especialmente no último século, com a conquista de direitos e o crescente compromisso com a igualdade de oportunidades como objetivo comum. Esse progresso foi possível graças a mulheres que desafiaram as normas. A seguir, apresentamos algumas das figuras femininas que contribuíram para mudar a história.
Ada Lovelace (1815-1852), a primeira mulher programadora
"Seu rosto é como o de sua mãe, minha linda filha, Ada, filha única da minha casa e do meu coração?". Assim escreveu Lord Byron para sua filha Ada Lovelace, que seria órfã de pai aos oito anos de idade, sem que ele tivesse a chance de conhecer o seu legado: Ada é considerada a primeira programadora da história.
Nascida em Londres em 1815, Lovelace foi uma visionária. Em 1843, ela publicou na revista Scientific Memoirs umas notas intituladas Sketch of the Analytical Engine Invented by Charles Babbage, que incluíam o primeiro algoritmo concebido para uma máquina. Sua visão ia além dos números: previu que os computadores processariam imagens, músicas e textos. No entanto, por assinar seu nome com as iniciais A.A.L., suas contribuições foram ignoradas por seus colegas homens. Morreu aos 36 anos de idade, após uma longa doença, mas seu legado permanece vivo: a primeira linguagem de programação desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA recebeu o nome de ADA em sua honra.
"A imaginação é a faculdade de descoberta, predominantemente. É ela que penetra nos mundos invisíveis que nos rodeiam, nos mundos da ciência"
Ada Lovelace (1815-1852)
Bertha von Suttner (1843-1914), a primeira mulher a ganhar o Nobel da Paz
Para Bertha von Suttner, a paz era sinônimo de felicidade. Nascida em Praga em 1843, filha de um marechal de campo do Império Austro-Húngaro, é considerada a primeira pacifista da história. Sua incansável luta contra a guerra fez dela a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1905. Além disso, foi a segunda mulher a ganhar um Nobel, após Marie Curie em 1903.
Em 1877, Von Suttner – uma mulher culta, poliglota e viajante – iniciou sua carreira como jornalista sob o pseudônimo de B. Oulet. Seu compromisso com a paz se intensificou após cobrir a guerra russo-turca (1877-1878). Em 1889, publicou Abaixo as armas!, um romance fundamental para o movimento pacifista internacional. A tcheco-austríaca manteve seu ativismo até sua morte em 1914, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, um conflito sobre o qual ela havia alertado durante anos.
"Uma das verdades eternas é que a felicidade se cria e se desenvolve em paz, e um dos direitos eternos é o direito do indivíduo a viver"
Bertha Von Suttner (1843-1914)
Charlotte Cooper (1870-1966), a primeira mulher a ganhar o ouro olímpico
Imagine uma mulher com um vestido até o tornozelo correndo pelas quadras de grama do All England Club em 1895, com uma raquete na mão. Essa mulher era Charlotte Cooper, que naquele ano, aos 25 anos, ganhou seu primeiro título em Wimbledon. Ela venceu o torneio outras quatro vezes (1896, 1898, 1901 e 1908) e sete títulos de duplas mistas. Sua vitória em 1908 fez com que ela fosse, aos 37 anos, a campeã mais veterana de Wimbledon.
Mas seu maior legado não foi em Wimbledon. Nos Jogos Olímpicos de Paris de 1900 – os primeiros em que as mulheres participaram – ela se tornou a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro em um prova individual. Venceu a francesa Hélène Prévost por 6-1 e 7-5 na final individual e conquistou o ouro em duplas mistas ao lado de Reginald Doherty. Tudo isso após ter perdido a audição devido a uma infecção em 1896.
Valentina Tereshkova (1937-), a primeira mulher no espaço
Em 16 de junho de 1963, em plena corrida espacial durante a Guerra Fria, Valentina Tereshkova se tornou a primeira mulher a viajar para o espaço. A bordo da Vostok 6, ela esteve longe da Terra durante 70 horas e 50 minutos, dando 48 voltas em torno do planeta e completamente sozinha.
Ela não tinha formação prévio como astronauta: foi selecionada por suas habilidades como paraquedista civil. A missão foi difícil e ela teve náuseas e desconforto físico quase contínuos, mas manteve um registro detalhado e tirou fotografias de grande valor. Ao retornar, a União Soviética celebrou a viagem como um símbolo de igualdade de gênero. Ela continua sendo a única mulher que esteve sozinha no espaço e a mais jovem a ter conseguido esse feito, segundo a definição internacional (acima de 100 km de altitude).
"Uma vez no espaço, você percebe como a Terra é pequena e frágil"
Valentina Tereshkova (1937-)
Kathryn Bigelow (1951-), a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor direção
Na edição dos Oscars de 2010, o filme Avatar, de James Cameron, era o grande favorito. Mas quando Barbra Streisand subiu ao palco e disse: "Chegou o momento...", ficou claro que algo histórico estava prestes a acontecer. Kathryn Bigelow foi anunciada como a vencedora do Oscar de melhor direção, sendo a primeira mulher a conquistar essa estatueta.
Naquela noite, Bigelow, que foi casada com Cameron, também levou para casa o Oscar de melhor filme por Guerra ao Terror, um drama sobre desativadores de bombas no Iraque. Ao longo de sua carreira, desafiou os estereótipos, dirigindo filmes de ação, como Jogo Perversol e Caçadores de Emoção, e filmes de ficção científica, como Estranhos Prazeres, gêneros tradicionalmente dominados por homens. Mais tarde, dirigiu A Hora Mais Oscura, sobre a caça a Osama bin Laden, que recebeu várias indicações em 2013 e ganhou o Oscar de melhor edição de som.
"Se houver uma resistência para as mulheres fazerem cinema, escolho ignorar esse obstáculo"
Kathryn Bigelow (1951-)
Ketanji Brown Jackson (1970- ), a primeira mulher negra na Suprema Corte dos EUA
Em 2022, Ketanji Brown Jackson fez história ao se tornar a primeira mulher negra a fazer parte da Suprema Corte dos Estados Unidos. Sua nomeação, proposta pelo então presidente Joe Biden, representou um marco no esforço de diversificar uma das instituições mais influentes da democracia americana.
Com uma sólida carreira como defensora pública, juíza federal e vice-presidente da Comissão de Sentenças dos EUA, Jackson trouxe uma experiência única e um firme compromisso com a justiça. Sua chegada à Suprema Corte não foi apenas uma conquista jurídica, mas também cultural: sua figura simboliza o avanço e a inclusão e serve de inspiração para as gerações mais jovens, especialmente para mulheres e pessoas negras, que agora podem se ver representadas em posições de liderança. Sua presença é prova de uma mudança em direção a um sistema mais representativo e plural, em que todas as vozes são ouvidas.
"Na minha família, foi necessária uma geração para passar da segregação para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Percorremos um longo caminho para aperfeiçoar nossa união"
Ketanji Brown Jackson
As mulheres tiveram que lutar durante séculos por reconhecimento, igualdade e possibilidade de liderar. Graças a essas pioneiras – e muitas outras – o caminho está hoje um pouco mais claro para as futuras gerações.

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