História da electricidade
150 anos de caminhada rumo à sustentabilidade: história da eletricidade
A primeira usina elétrica de Edison apenas forneceu corrente elétrica para algumas lâmpadas. Desde então, a rede que leva eletricidade às nossas casas foi expandida e, atualmente, encara seu maior desafio: ser completamente livre dos combustíveis fósseis. Conheça a história da eletricidade até os dias atuais.
Todos sabemos que eletricidade e luz sempre caminham juntas. Mas, ao contrário do que popularmente foi estabelecido, o inventor da eletricidade não foi Edison. Assim como não foi o primeiro a patentear a lâmpada incandescente. Outros inventores anteciparam-se a ele em quase uma década, mas a sua invenção foi a única que se tornou comercialmente viável. Depois de ter obtido a patente em 1879, fundou a Edison Illuminating Company e, em 1882, inaugurou a primeira usina elétrica para vender eletricidade aos compradores de suas lâmpadas.
Ele começou com 80 clientes e 400 lâmpadas, mas, em dois anos, o negócio cresceu, chegando a marca de 500 clientes — entre eles, o The New York Times — e 10.000 lâmpadas. Além da primeira usina elétrica, também foi a primeira usina de cogeração, já que o vapor era aproveitado para aquecer os edifícios adjacentes. Nesse mesmo ano, o industrial H. J. Rogers criou a primeira usina hidrelétrica no rio Fox (Wisconsin, Estados Unidos).


DA ELECTRICIDADE
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acontecimentos
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Longa distância
As primeiras usinas elétricas funcionavam com corrente contínua, o que impedia a transmissão da energia por longas distâncias. Outro gênio resolveu o problema: Nicola Tesla e sua aposta na corrente alternada. Em 1895, ele construiu, junto ao industrial George Westinghouse, a usina hidrelétrica das cataratas de Niágara, levando eletricidade para a cidade de Buffalo, a 40 quilômetros de distância. Começava, assim, a eletrificação do mundo e, com ela, a segunda revolução industrial.
Em 1898, dois novos projetos impulsionaram esse processo: a usina hidrelétrica de Decew Falls no Ontário (Canadá) foi a primeira a gerar eletricidade de alta voltagem para ser transmitida por grandes distâncias; e a de Rheinfelden (Alemanha) foi a primeira a usar corrente alternada trifásica a 50 hertz, norma aplicada atualmente em quase todo o mundo.
Em 1900, 40% da eletricidade dos Estados Unidos era gerada a partir de usinas hidrelétricas. Em 1940, passou a ser 30%, enquanto em 2022 representa apenas 6,3%. Em 1951, foi inaugurada a primeira usina nuclear experimental no Ohio (Estados Unidos). Durante o século XX, os combustíveis fósseis e as usinas nucleares substituíram a água como geradores de energia no mundo todo. O desafio do século XXI? Sem dúvida, substituí-los por mais fontes renováveis.
Sol e ar
A ideia de concentrar os raios do sol para aproveitar seu calor surgiu na Grécia antiga, mas foi o visionário Frank Shuman o primeiro a torná-la comercialmente viável. Em 1911, ele fundou a Sun Power Co., criando a primeira usina solar em Tancony (Estados Unidos). Mas seu grande projeto, interrompido pela Primeira Guerra Mundial, foi uma fazenda solar de 52.000 km2 no Deserto do Saara (Egito), suficiente para abastecer todo o planeta.
O aproveitamento do sol por meio de placas fotovoltaicas começou na década de 1960. Sua produção mundial chegou a 1TW após o primeiro trimestre de 2022, tendo a China como principal motor, de acordo com a SolarPowerEurope.
Outra grande fonte de energia renovável e limpa é a energia eólica, a de maior crescimento na última década no mundo. A instalação do primeiro aerogerador de 200 kW foi na costa dinamarquesa em 1956. No primeiro trimestre de 2022, a capacidade instalada no mundo é de 837 GW.
O sonho de uma energia limpa e inesgotável pode virar realidade no futuro se o projeto ITER, atualmente paralisado devido a problemas técnicos, conseguir atingir seus objetivos em 2027. Trata-se da fusão nuclear, a energia das estrelas, reproduzida em um reator de confinamento magnético. O combustível é o hidrogênio, um dos elementos mais abundantes em nosso planeta.
Muitos países não têm dúvidas sobre a necessidade de investir nestas fontes, e esta é agora uma das decisões mais recorrentes em todo o mundo. O governo chinês se comprometeu a realizar investimentos que aumentarão sua capacidade eólica e solar em 450 GW, com 100 GW até 2022. Espera-se também que a América Latina e a Europa aumentem seus investimentos enquanto outros países, como o Japão, estão mudando sua política para expandir sua produção solar a longo prazo.
A guerra na Ucrânia em 2022 também levou a uma pressão ainda maior a nível europeu para tentar conseguir uma substituição efetiva do gás, aproximando-se assim da transição energética. Isto levou a várias mudanças legislativas nos países europeus e a um forte aumento no compromisso com as energias renováveis, como é o caso na Alemanha.
Qual dessas energias vai substituir o petróleo nos livros de história e nos oferecer um futuro com energia limpa, sustentável e inesgotável? A resposta virá em algumas décadas.
Iberdrola, a energética do futuro
Gerenciar a rede
A eletricidade é um produto especialmente complexo: é produzida, distribuída pela rede e vendida ao usuário final. Por isso, a rede elétrica é tão importante: ela deve formar um sistema com várias fontes de geração onde seja possível somar ou substituir umas às outras.
As usinas solares e os parques eólicos não geram eletricidade em uma noite de verão sem vento. Em períodos de seca, o uso de água para a geração de eletricidade será limitado. Se, nessas condições, a população ligar o ar-condicionado em suas casas e gerar um pico de demanda, será preciso intensificar o uso das usinas térmicas ou comprar potência de algum país vizinho. A rede e seus gestores devem estar preparados para atenderem à demanda com os recursos necessários.