Emprego verde

Empregos verdes: bons para você, para o meio ambiente e para a economia

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A transição para uma economia descarbonizada não é só fundamental para frear as mudanças climáticas, também é um indutor de crescimento econômico com potencial para criar milhões de empregos verdes. Falamos de trabalhos diretamente destinados a proteger o meio ambiente ou daqueles que visam minimizar o impacto sobre a saúde do planeta.

De acordo com o Relatório sobre a disparidade das emissões 2021, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), os insuficientes compromissos climáticos atuais colocam o mundo no caminho correto para um aumento da temperatura global de pelo menos 2,7 °C até o final do século. Isto está bem acima dos 1,5 °C estimados no Acordo de Paris. Segundo o relatório, o mundo precisa reduzir pela metade as emissões anuais de gases de efeito estufa nos próximos oito anos para conseguir limitar os efeitos do aquecimento global. As promessas de emissões líquidas zero, se cumpridas integralmente, poderiam progredir na redução do aumento da temperatura global projetada para 2,2°C, mais próximo do Acordo, mas abaixo dos 2°C esperados. Caso contrário, há o risco de que a frequência e intensidade dos nefastos impactos climáticos que têm afetado o planeta nos últimos anos aumentem.

Neste contexto, o mundo precisa acelerar a transição para uma economia descarbonizada e ecológica. É uma transição que, além de ter o potencial de frear as mudanças climáticas, também pode se converter num autêntico motor de crescimento. Ela pode criar numerosos empregos verdes em vários setores, que é algo que já está acontecendo nos últimos anos tanto nos países ricos como nas economias emergentes.

A economia circular, que propõe reutilizar, reparar ou reciclar, aumentando a fabricação e o consumo sustentável, também será uma fonte de criação de empregos verdes. Dessa forma, além de reduzir os resíduos, economiza-se energia e contribui-se para evitar os danos irreversíveis causados em termos de clima, biodiversidade e poluição do ar, do solo e da água, devido à utilização dos recursos num ritmo que ultrapassa a capacidade da Terra para os renovar.

O que é um emprego verde e que impactos tem na economia

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define os empregos verdes como "os trabalhos de agricultura, atividades de fabricação, pesquisa e desenvolvimento, administração e serviço que contribuem de forma considerável para preservar ou restaurar a qualidade do meio ambiente". Em outras palavras, os empregos ambientais são aqueles destinados a proteger e promover o meio ambiente ou os que levam sempre em consideração o seu impacto sobre a saúde do planeta e tentam minimizá-lo. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), este tipo de empregos permite:

  Aumentar a eficiência do consumo de energia e as matérias-primas.

  Limitar as emissões de gases de efeito estufa.

  Minimizar os resíduos e a poluição.

  Proteger e restaurar os ecossistemas.

  Contribuir para a adaptação às mudanças climáticas.

Outro dos benefícios destes trabalhos ecológicos é seu efeito sobre a economia global. A OIT já advertiu que, se nada mudar, o crescimento do emprego no futuro não será suficiente para satisfazer o aumento da força de trabalho nos países emergentes e em desenvolvimento. Porém, "as mudanças na produção e no uso da energia para atingir o objetivo de 2 °C podem trazer consigo a criação de cerca de 18 milhões de postos de trabalho na economia mundial", explica este organismo no seu relatório Perspectivas sociais e de emprego em 2018. Estas mudanças, destinadas à consecução do Acordo de Paris e à geração de empregos verdes, incluiriam um maior uso de fontes de energia renováveis, o crescimento da utilização de veículos elétricos e a realização de obras de construção para haver mais eficiência energética nas edificações.

Setores com empregos verdes em auge

Surgirão profissões do futuro como consequência da descarbonização da economia e do desenvolvimento da economia circular, porém, outros serão mantidos ao se adaptarem à nova realidade verde. De acordo com os especialistas, estes são os setores com maior potencial para criar empregos verdes:

  Energia
A pandemia do COVID-19 teve um grande impacto na economia global durante a maior parte de 2020 e 2021, afetando tanto o volume quanto a estrutura da demanda de energia. O emprego, mesmo neste setor, tem sido profundamente afetado pelos diferentes tipos de restrições aplicadas, que pressionam as cadeias de abastecimento e resultam em uma considerável limitação da atividade econômica. Apesar disso, o setor de energia renovável atingiu 12 milhões de empregos em 2021, contra 11,5 milhões em 2019, de acordo com a oitava edição do "Relatório de Energias Renováveis e Emprego: balanço anual 2021".

  Agricultura

De acordo com o relatório publicado em 2022 pelo Instituto de Pesquisa Agrícola Orgânica (FiBL), as vendas de alimentos e bebidas orgânicos aumentaram em 15% a nivel global. As receitas ultrapassaram a marca de US$ 100 bilhões anuais em 2018 e em apenas dois anos o mercado se expandiu para US$ 129 bilhões. O crescimento histórico visto em 2020 foi resultado tanto do impacto da pandemia quanto do aumento do interesse dos consumidores por alimentos orgânicos.

A América do Norte e a Europa compreendem a maioria das vendas, com uma participação combinada de 90%. Entretanto, a maior parte do crescimento vem de outras regiões, especialmente da Ásia, já que os mercados de alimentos orgânicos ganharam importância em países como China, Índia e Coréia do Sul.
 

  Design
As políticas europeias demandam taxas de reciclagem cada vez maiores e estabelecem critérios de design ecológico cada vez mais estritos. Este fato, somado à consciência ecológica de muitos consumidores, converteu o ecodesign (desde embalagens até coberturas de edifícios, passando por produtos variados) numa fonte de emprego em auge.

  Turismo
Em uma sociedade cada vez mais conscientizada com a saúde do planeta, o turismo ecológico — ou ecoturismo — é uma tendência em expansão. Este setor gera empregos relacionados com atividades como a criação de experiências de aventura, a elaboração de rotas de alta montanha ou o conhecimento de espaços protegidos, assim como a revitalização de áreas rurais, como ecovilas, em risco de desaparecer.

  Transporte
Este setor é responsável por mais de 30% das emissões de CO2 da União Europeia (UE), das quais 72% provém do transporte rodoviário. Muitos países já adotaram medidas para reduzir drasticamente as emissões do transporte (a UE prevê diminui-las em 60% em 2050 com respeito aos níveis de 1990), abrindo oportunidades de trabalho nos setores do veículo elétrico, do transporte público e do transporte de mercadorias em trens eletrificados.

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Que tipo de formação é preciso?

Dado que existe um conjunto muito amplo de trabalhos verdes atualmente, não há um perfil de formação único para os também conhecidos como trabalhadores do colarinho verde. Exceto cursos universitários, cursos ou pós-graduações especializados em ecologia, a formação verde necessária para um trabalho determinado consiste na especialização ambiental dentro de um setor.

Se uma pessoa trabalha desenhando embalagens, por exemplo, terá que dominar os materiais ecológicos. Da mesma forma, um advogado interessado na preservação da natureza terá que se especializar em direito ambiental, ou um engenheiro que queira trabalhar no setor energético terá que se especializar em tudo aquilo que estiver relacionado com as energias renováveis, eficiência energética ou descarbonização da economia.