METEORITOS CAINDO NA TERRA

Os meteoritos na Terra: quantos caem por ano e por que não os vemos?

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Pode ser que você nunca tenha visto um meteorito, mas eles não deixam de cair na Terra. De fato, segundo um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade de Manchester e do Imperial College de Londres na publicação Geology, o número é de cerca de 17.000/ano. Uma razão que explica sua aparente invisibilidade é seu tamanho, pois após atravessarem a atmosfera terrestre diminuem até se tornarem quase imperceptíveis.

Os meteoritos que alcançam a superfície terrestre costumam ser pequenos depois de ultrapassarem a atmosfera.
Os meteoritos que alcançam a superfície terrestre costumam ser pequenos depois de ultrapassarem a atmosfera.

A maioria dos meteoritos atinge a superfície terrestre na forma de pó ou de partículas muito pequenas após cruzarem a atmosfera. É por isso que normalmente não os observamos. Porém, embora custe acreditar, aproximadamente 17 mil meteoritos caem anualmente na Terra. O dado é de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Manchester e do Imperial College de Londres que, entre os anos 2019 e 2020, conseguiu quantificar o fluxo de material espacial caído no planeta. Segundo explica o professor Geoffrey Evatt, que lidera a pesquisa, os fragmentos contabilizados pesavam entre 50 gramas e 10 quilos, sendo estes últimos muito pouco frequentes.

O QUE É UM METEORITO

Conforme a NASA, um meteorito é uma rocha espacial que adentra na atmosfera da Terra e consegue atravessá-la com sucesso até chegar à superfície. Muitas vezes, o termo meteorito é confundido com outros conceitos, como meteoro e meteoroide, com os quais tem relação:

  • Meteoroide: são partículas rochosas procedentes de um cometa ou de um asteroide que podem ter desde centímetros a metros de diâmetro e que estão orbitando no espaço. É como se denomina o meteorito que ainda não entrou em contacto na atmosfera.
  • Meteoro: se forma quando um meteoroide atravessa a atmosfera, queimando-se e descompondo-se à medida que avança antes de ser considerado um meteorito. Quando o rastro luminoso persiste, provoca as conhecidas habitualmente como estrelas fugazes.

Diferença entre meteorito e asteroide 

A confusão entre meteorito e asteroide também costuma ser frequente. O asteroide é um corpo rochoso ou metálico maior que um meteoroide e de forma irregular que orbita ao redor do Sol ou de alguma outra fonte de gravidade do espaço. De fato, acredita-se que é um material resultante da formação ou destruição de estrelas e planetas. O meteorito, como já vimos, é aquela rocha espacial que atravessa a atmosfera e alcança a Terra e que pode provir de um asteroide ou cometa.

Como se formam os meteoritos

Sua formação pode ter diversas origens. Alguns são restos da formação ou destruição de objetos astronômicos maiores, como estrelas, satélites ou planetas. Outros podem ser pedaços de asteroides, como aqueles que existem em abundância no anel de asteroides do sistema solar (situado entre as órbitas de Marte e Júpiter) ou fragmentos que se soltam de um cometa.

Como se formam as chuvas de meteoritos?
Como se formam as chuvas de meteoritos?

  VER INFOGRÁFICO: Como se forman os meteoritos? [PDF]

Quantos e onde caem os meteoritos na Terra

Em conformidade com a pesquisaEnlace externo, se abre en ventana nueva.  citada, o número de impactos é de cerca de 17.000. Como foi possível chegar a essa conclusão? Os cientistas explicam que os cálculos atuais do material extraterrestre que cai na Terra "estão baseados em redes de monitoramento de esferas de fogo de curta duração ou em buscas de meteoritos muito limitadas espacialmente". Para resolver este problema, dedicaram dois anos à procura de meteoritos na Antártida, onde são mais fáceis de localizar pelo seu contraste com a neve. Saber o número de impactos nessa região concreta lhes permitiu extrapolá-lo ao resto do planeta.

Os pesquisadores não escolheram a região antártica porque a queda de meteoritos fosse superior. De fato, o número de impactos nos polos apenas corresponde a 65 % dos que ocorrem; por exemplo, o equador é a zona do planeta onde mais incidem. O modelo criado junto ao Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra da NASA (CNEOS) também lhes permitiu reavaliar o risco de ocorrência de impactos de meteoritos de grande tamanho em função do lugar, sendo 12 % mais alto no equador e 27 % mais baixo nos polos.

TIPOS DE METEORITOS

Conforme sua composição, há três classes:

Meteoritos rochosos

Classificam-se em condritos ou acondritos, dependendo se passaram ou não por um processo de fusão e diferenciação no asteroide ou cometa do qual procedem. Os condritos representam 85,7 % dos meteoritos que caem na Terra, enquanto os acondritos só 7,1 %

Meteoritos metálicos

São meteoritos compostos majoritariamente por ferro e níquel. Por isso, considera-se que são restos de núcleos de asteroides destruídos após uma grande colisão ou explosão. Com grande densidade, são mais pesados que as rochas da Terra, razão pela qual, apesar de representarem apenas 5,7 % das quedas, significam 89,3 % da massa total.

Meteoritos mistos, sideritos ou litosideritos

São meteoritos compostos de metal e rocha, ou seja, de material metálico e rochoso. Existem dois tipos: pallasites e mesosiderites. Formam-se, provavelmente, ao se misturarem os núcleos metálicos e os magmas rochosos nos asteroides. São extremamente raros e representam só 2 % das quedas.

GRANDES METEORITOS

Os meteoritos têm sido fonte de inspiração para diversos filmes de ficção científica, desde Deep Impact até Armageddon ou Don't Look Up, mas nunca alcançaram os tamanhos mostrados nas telas dos cinemas. Em concreto, os maiores meteoritos que impactaram na Terra foram:

  • Hoba: um fragmento de ferro de 60 toneladas que caiu há 80.000 anos na Namíbia. Não foi descoberto até 1920 e, apesar de seu gigantesco tamanho, não deixou nenhuma cratera visível; intui-se que pôde chocar inicialmente no mar, o que reduziu significativamente sua velocidade.
  • Ahnighito: está no Museu Americano de História Natural. O também conhecido como Cape York chocou-se com a Terra faz mais de 10.000 anos. Foi descoberto por Robert Peary em 1894 na Groenlândia; ele conseguiu trazê-lo até Nova York apesar das suas 30 toneladas.
  • Gancedo: encontrado faz poucos anos, concretamente em 2016 na região denominada Campo del Cielo, ao noroeste da Argentina, é metálico e passa de 30 toneladas de peso. Sua descoberta superou o El Chaco, também encontrado nessa área, como o segundo maior meteorito.
  • El Chaco: a cratera foi encontrada na Argentina em 1576 e já era conhecida anteriormente por vários povos aborígenes. Foi redescoberta em 1774 e em 1980 foi finalmente confirmada a  existência de um meteorito, com a curiosa história de que tentou ser roubado em 1990 e, posteriormente, em 2015, mas sem sucesso.
  • Armanty: descoberto en 1898 na China, perto da fronteria com a Mongólia. Os fragmentos foram encontrados em uma área de 425 quilômetros quadrados, o maior campo de meteoritos do planeta. Atualmente, pode ser visto em Urumqui a capital de Xinjiang, embora sua superficie esteja coberta de pichações em chinês e russo.
  • Bacubirito: encontrado no México em 1863 pelo geólogo Gilbert Ellis Bailey, originalmente pesava 21 toneladas e se destaca por sua forma alongada (4,20 metros de comprimento). Está composto majoritariamente de ferro. Não se sabe quando caiu na Terra.
  • Mbozi: é um dos principais meteoritos encontrados na África. Embora a população local soubesse de sua existência, não foi conhecido por pessoas de fora até 1930. Quando foi descoberto, não encontraram a possível cratera e nem se sabia quando poderia ter ocorrido sua queda.
  • El Ali: um dos últimos a serem descobertos. Foi reconhecido como un meteorito em 2020, embora já fosse conhecido pelos moradores locais e esteja presente em várias histórias da região. Com um peso de 15 toneladas, está atualmente na China esperando para ser vendido. Este meteorito contém dois minerais que nunca haviam sido registrados no nosso planeta.
  • Willamette: esta formação rochosa de 15 toneladas foi descoberta em Oregon em 1902 por um mineiro chamado Ellis Hughes e ainda hoje é venerada por uma tribo indígena (Cacklamas), que lhe deram o apelido de tomanowos e que significa “visitante do céu”.