Monitoramento de aves em parques eólicos 'offshore'

Utilizamos o software de visão computacional da Spoor para monitoramento de aves marinhas no Baltic Eagle

Entrevistas P+D+I Biodiversidade PERSEO

A empresa norueguesa Spoor, vencedora do desafio lançado pelo PERSEO Start-up Challenge: Introdução a soluções que incluem a natureza em projetos de parques eólicos offshore, terá a oportunidade de testar sua solução inovadora para o monitoramento de aves migratórias em nosso parque eólico offshore Baltic Eagle, na Alemanha.

 Usando inteligência artificial (IA), Deep Learning e visão computacional –um passo além da visão artificial– a tecnologia tem como objetivo coletar informações sobre a presença de aves ao redor das instalações por meio de cinco câmeras durante um período de doze meses. Os dados obtidos esclarecerão os possíveis impactos do parque no comportamento das aves, fornecendo informações valiosas e apoiando a Iberdrola em seu firme compromisso com o respeito à natureza e o cuidado com a biodiversidade.

O CEO da Spoor Enlace externo, se abre en ventana nueva., Ask Helseth, nos conta em uma entrevista mais sobre o trabalho da start-up especializada em inteligência artificial, sua experiência no setor de energias renováveis e seu projeto de inovação com um Grupo internacional como a Iberdrola. Uma colaboração estruturada por meio do programa de start-ups PERSEO e enquadrada no compromisso da empresa com a inovação como forma de criar valor sustentável na sociedade.

Que tipo de solução inovadora vocês propuseram para vencer o Start-up Challenge sobre projetos de parques eólicos inclusivos com a natureza?

Nossa proposta levava em conta o uso de câmeras de vigilância aprimoradas e software de visão computacional de IA para monitorar a área desejada de um parque eólico. Usando modelos de IA de visão computacional para analisar as imagens de vídeo das câmeras, podemos coletar dados sobre o número de aves, espécies, altura e direção do voo, além do seu comportamento na área do parque eólico.

 Esses dados podem ser usados para análise estatística do impacto dos parques eólicos na avifauna local e, se necessário, para servir de apoio na hora de adotar medidas de mitigação.

O que os levou, como empresa, a se especializarem no nicho de parques eólicos offshore?

Percebemos uma grande necessidade de novas tecnologias no mercado eólico offshore. Vemos que muitos projetos estão atrasados devido a licenças ou outras questões ambientais, o que acaba gerando muitas interrupções. Na Spoor, queremos ajudar e acelerar a transição energética e, por isso, decidimos nos concentrar na energia eólica offshore por enquanto.

Certamente é um grande desafio introduzir uma nova tecnologia em um mercado altamente regulamentado. Isso requer tempo e um profundo conhecimento do mercado.

O que mais os motivou a participar do desafio de start-up da PERSEO?

Como uma empresa jovem, para nós é fundamental realizar parcerias com pioneiros no campo da inovação para validar nossa tecnologia, desenvolvê-la mais rapidamente e levá-la adiante. A participação em um desafio estabelecido pelo programa PERSEO nos permitirá instalar nosso sistema em um parque eólico offshore em funcionamento, ao mesmo tempo em que receberemos suporte para desenvolver ainda mais nosso produto e aprenderemos diretamente com o mercado.

Como é a tecnologia de visão computacional que vocês usam para rastrear, monitorar e classificar as aves nos parques?

Usamos os mais recentes avanços em tecnologia de aprendizagem profunda ou deep learning e visão computacional. Nossa tecnologia patenteada, desenvolvida internamente, nos permite detectar e rastrear objetos muito pequenos a partir de imagens de altíssima resolução usando tecnologia especializada de câmeras de vigilância. Isso nos possibilita monitorar grandes áreas e supervisionar os parques eólicos de forma eficiente, conforme exigido por nossos clientes do setor de energia.

Vocês podem nos contar um pouco mais sobre o piloto que será lançado no Baltic Eagle? 

No Baltic Eagle, a Spoor instalará cinco câmeras que realizarão o monitoramento das aves e coletarão dados sobre seu comportamento. Nosso foco será especialmente nas aves migratórias e tentaremos determinar se o parque eólico alterou seu comportamento de alguma forma. As câmeras funcionarão por um período mínimo de 12 meses para coletar dados de um ano inteiro.

De que forma as empresas que investem no monitoramento e controle da fauna em torno de suas turbinas eólicas fazem a diferença? 

Os dados e as estatísticas gerados pelo sistema da Spoor são cruciais para compreender o impacto de um parque eólico na avifauna de uma área e concluir as avaliações de impacto ambiental, garantindo o cumprimento das condições de licenciamento e ajudando as operadoras a atingir suas metas de biodiversidade.
 
Dessa forma, o impacto é duplo: ele garante que os parques eólicos sejam construídos e operados com o mínimo de impacto na vida das aves e permite a construção da tão necessária energia renovável que também é favorável à natureza.

A visão de sua empresa é "Ajudar a indústria e a natureza a coexistirem". É necessário mais inovação e investimento para atingir esse objetivo?

Sem dúvidas. Para isso, é preciso inovação e investimento constantes. Nosso objetivo é evoluir continuamente e desenvolver um algoritmo mais poderoso a cada dia.

 Como muitas questões relacionadas à conservação da biodiversidade e à tecnologia da inovação, a falta de conscientização é um grande desafio que precisa ser enfrentado. Vemos que existe um aumento da conscientização sobre essas questões, mas acreditamos que mais coisas podem e devem ser feitas para alcançar nossa visão.

Por último, qual é o objetivo comercial da Spoor e quais são os projetos da empresa de médio prazo nessa direção?

Nosso objetivo é permitir a coexistência da natureza e da indústria e, dessa forma, acelerar a implantação da produção de energia sustentável e que respeita a biodiversidade. Para fazer isso em escala, realizamos parcerias com empresas como a Iberdrola, que está construindo um grande número de parques eólicos. Juntos, podemos ajudar a acelerar a transição verde.